sábado, 4 de setembro de 2010

Frivolidades

Há dias em que poderia jurar que
estão tristes os olhos do meu gato,
mas não, é apenas a melancolia
ilícita que o meu devaneio lhes empresta.
Os gatos tristes, se é que os houve,
morreram talvez num Inverno fugaz e antigo.
E, no fundo, acabo por mais gostar deste.

É por desrazões semelhantes que se escreve
um poema, essa coisa singela
absoluta em frivolidade.


Manuel de Freitas, Todos contentes e eu também (Campo das Letras, 2000)


Édouard Boubat, Partition (1982)

     De novo o poeta a quem os felinos ficam bem e uma fotografia famosa - quando se trata de gatos, todas as leituras são possíveis, até as mais fáceis.

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